As empresas de ônibus de Fortaleza estão promovendo uma troca em busca de mais segurança: puseram os motoristas para andar sobre duas rodas.
Quando um veículo de quase 20 toneladas divide o mesmo espaço com uma moto ou bicicleta, é preciso respeitar limites pra ninguém se machucar. "Se vacilar, eles batem e a gente fica no chão", queixa-se o auxiliar de serviços gerais Josias Barbosa. "O ciclista tem que ser educado, também. A responsabilidade maior, lógico, é da gente", afirma o motorista José Onofre Saraiva.
Do ponto de vista do motorista de ônibus, as bicicletas, muitas vezes, são um obstáculo, um incômodo no meio do trânsito. Do ponto de vista dos ciclistas, os ônibus são uma ameaça que limita o espaço de maneira desproporcional. Por isso, essa convivência precisa melhorar.
Para uma empresa de ônibus de Fortaleza, o caminho foi colocar os motoristas sobre duas rodas. E sentindo o que é ter um ônibus passando bem perto das motos e bicicletas onde eles estão.
O motorista Marcos Aurélio Costa diz que a sensação de estar na bicicleta, com o ônibus passando ao lado, não é boa. "A sensação é de risco muito intenso: o vento, aquele carro grande passando por você, você tem aquela sensação de cair, de ser empurrado pro meio fio", conta ele.
Mas isso só acontece se a distância estabelecida pelo Código de Trânsito Brasileiro para ultrapassar bicicletas não for respeitada. O instrutor explica que o motorista deve deixar um espaço de um metro e meio entre os dois.
No Recife, a partir de julho, quem não demonstrar que domina esta regra vai ser reprovado no teste para tirar carteira de habilitação. Em Fortaleza, a prova para os motoristas de ônibus é na prática do dia a dia, com o instrutor do lado.
Em poucos meses de treinamento, a atitude dos motoristas já mudou. E os motoqueiros e ciclistas não são os únicos beneficiados. "O motorista passa a respeitar mais o pedestre, passa a respeitar a faixa preferencial. Isso cria um clima muito positivo no sistema de transporte", explica o diretor da empresa, Mário Albuquerque.